August

Agosto

Cultivando a Função do Pensamento

O ciclo aleatório de associações em nossas mentes enquanto olhamos fixamente para o espaço pode, ocasionalmente, produzir uma boa ideia, mas não pode ser chamado de pensar. O pensamento funciona por intenção. Requer dobrar nossos devaneios para formar uma linha de pensamento que tem propósito e direção. Para ‘pensar’, nós temos que enfrentar a massa de material associativo circulando em nossa mente, metodicamente peneirando e reduzindo a uma conclusão essencial.

Isso é particularmente necessário para o cultivo interior, onde rapidamente acumulamos observações de todos os aspectos de nós mesmos. Nós observamos nosso Corpo, Essência e Personalidade; suas posturas, humores e padrões de pensamento; seus desejos contraditórios; o modo que eles competem sobre recursos; seu funcionamento útil e inútil; e o desafio permanente de infundir atenção em tudo isso. Apesar de revelar muito, essa massa de autoconhecimento, por si só, não afeta a transformação interior. Pelo contrário, está fadada a impedir nosso cultivo a não ser que reduzamos o conhecimento a entendimentos práticos. Que utilidade tem a minha habilidade de detectar a pressa se eu não consigo restringi-la? Que utilidade tem minha habilidade de ver meus medos, preocupações e ansiedades se eu permaneço seu escravo?

Nossa função de pensamento facilita esse refinamento. Ela pode reter algo que compreendemos muito tempo após a experiência que gerou nossa compreensão ter se dissipado. Mais ainda, ela pode encapsular essa compreensão em uma frase ou mesmo em uma palavra que pode reacender o entendimento quando uma experiência igual ou similar acontecer. Desse modo, a habilidade da nossa função do pensamento de hospedar em sua mente coisas que não necessariamente existem aqui e agora se expande para englobar nossa compreensão.

Começamos a aplicar essa habilidade já nos primeiros dias do cultivo interior, quando relacionamos o que observamos com as divisões apresentadas por este ensinamento. Quando vimos movimentos desnecessários, atribuímos à ‘função do movimento’, devaneios associativos à ‘função do pensamento’, preocupações sem justificativas à ‘função emocional’, e assim por diante. Ao fazer isso, estávamos usando nossa função do pensamento para separar o senso de “eu” daquilo que observamos. Ao atribuir o que observamos a uma função em particular, estávamos indiretamente afirmando que era apenas uma pequena parte de nós e não nós em nossa totalidade.

Agosto nos convida a levar isso um passo à frente. Uma coisa é observar nossas manifestações psicológicas num determinado momento, testemunhar suas consequências no tempo é outra. A primeira lida apenas com um pedaço, a última com o quebra-cabeça inteiro. Observar nossos hábitos através do tempo aprofunda nossa percepção do preço que pagamos por eles. Nossa função do pensamento pode nos ajudar a ver como nossos devaneios nos isolam da realidade, como nossa pressa constantemente ignora a dimensão emocional do nosso dia, ou como nossa atitude negativa crônica mancha tudo o que fazemos com uma atitude de derrotismo. Graças a seu poder de abstração, nossa função do pensamento pode nos ajudar a englobar esse corpo alongado de experiência, quantificá-lo e encapsulá-lo em uma palavra ou a frase mais curta possível. Na próxima vez que pegarmos a nós mesmos em devaneios, ou apressados ou preocupados, ao entoar essa frase nós colocamos o hábito face a face com seu preço acumulado. Isso nos dá uma motivação mais forte para resistir a ele.

Aqueles que ainda precisam acumular uma massa suficiente de tais observações podem começar perguntando a si mesmo a seguinte questão: se eu fosse transportado a um ano atrás e tivesse ganhado a chance de conversar brevemente comigo mais jovem, que conselhos eu daria a mim mesmo? Qual autoconhecimento me pouparia muito tempo e sofrimento? Encapsule esse conselho em um breve comando.

O praticante que formula seu conselho da maneira mais breve possível – e o aplica em um momento de desafio interno – é como um fazendeiro que debulhou e peneirou seu trigo em grãos. O grão encapsula o projeto de toda a planta e retem sua vitalidade por muito tempo após a morte da planta. Da mesma forma, nossa função do pensamento pode reter nossa compreensão muito tempo após a experiência que a engatilhou ter desaparecido, e lembrar dela em um momento de necessidade.

Esse é o nosso trabalho para Agosto.

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July

#Julho

A função do pensamento como dada pela natureza

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A Função Emocional como dada pela Natureza