Asaf Braverman
Cedo na vida, eu fui dominado por uma paralisante falta de propósito. A perspectiva de me graduar no ensino médio e ser recrutado para o serviço militar, depois faculdade, carreira, família, e assim por diante, me fez sentir como se estivesse entrando em uma linha de produção que não pararia até que eu morresse. Mas quem eu era? Onde eu estava? E por que eu estava aqui? Meus familiares mais velhos desconsideraram estas perguntas como sendo irrelevantes, porém eu conseguia ver que eles não faziam ideia; eles apenas estavam mais adiante de mim na linha de produção. Eu resolvi encontrar um significado mais profundo para a vida, ou morrer procurando por um.
Eu comecei lendo um vasto espectro de literatura. No início, minha busca não rendeu frutos. A psicologia ocidental parecia impossivelmente complexa, a espiritualidade oriental suspeitosamente simplista. Houve algumas exceções que inspiraram sem instruir. Elas ajudaram pouco em pavimentar um caminho adiante. Minha dificuldade era composta de eu não saber exatamente o que estava procurando, embora navegasse com uma intuição que a verdade deveria ser prática e mensurável. Eu eventualmente encontrei um gênero de psicologia chamado de O Quarto Caminho que respondeu muitas das minhas perguntas de uma maneira única e nada lisonjeira. Afirmava que suas origens eram antigas, enquanto apenas apontava vagamente para onde essas origens poderiam estar. Eu estava intrigado. As respostas às perguntas mais profundas foram conhecidas nas eras passadas? E se assim fosse, por que elas estavam escondidas?
O mesmo ensinamento insistia que não se podia praticar seus princípios por conta própria, que se deveria aprender com outros. Então, em 1995, aos dezoito anos de idade, ingressei em uma filial local de uma Escola internacional do Quarto Caminho chamada a Fraternidade dos Amigos. Os membros eram de um público misto. Nem todos eram de opinião similar, e nem todos compartilhavam o meu entusiasmo em relação ao autoestudo. Alguns dos alunos mais experientes, entretanto, os quais estiveram praticando este ensinamento por anos, exibiam uma sinceridade e profundidade que me atraíram. Eles podiam ver através de mim e me aconselhar de uma forma que a palavra escrita nunca pôde.
No momento do meu ingresso, a organização estava funcionando há 25 anos e havia acumulado no seu rastro os detritos de culto e escândalo. O fundador era controverso. Quando eu eventualmente o conheci no ano de 2000, eu vi os motivos para a controvérsia, mas eu também reconheci um método na sua loucura. Sentindo uma oportunidade, e sabendo que não tinha nada a perder, eu me coloquei a seu serviço e gradualmente me tornei o seu braço direito, lidando com uma variedade de questões, desde o ensino a relações humanas e de logística a finanças. Eu frequentemente cumpria a delicada posição de intermediário entre ele e seus alunos. Isso me colocou em contato íntimo com quase todos os membros da escola e me expôs às suas dificuldades, desafios e sucessos.
Nossa colaboração chegou ao ápice em 2004, quando minha posição se tornou bem específica. A frequência dos seus seminários havia aumentado e eu fui apontado a dar-lhes conteúdo e estrutura. O ensinamento que requer repetição e repetição é sempre ameaçado pelo dogma. Como poderíamos repetir nossas lições sem permitir que percam sua vitalidade? Nós confrontamos este desafio expandindo nossas fontes para além do Quarto Caminho às tradições históricas do mundo. Estávamos aprendendo e ensinando simultaneamente, e isso infundiu nossa apresentação com a emoção da descoberta. Me forçou a desenterrar as raízes ocultas que o Quarto Caminho clamava possuir, mas jamais havia explicitamente exposto. Trabalhamos intensamente durante este período, às vezes apresentando três seminários por dia. O volume de conhecimento que eu tinha que examinar era considerável.
Nossa ligação terminou abruptamente. Em 2007, a organização entrou sob escrutínio do departamento de imigração dos Estados Unidos e os estrangeiros na minha posição foram forçados a prontamente deixar o país. Depois de sete anos de completa dedicação, de ter nada menos que morrido para a minha vida anterior, eu fui exilado dos meus amigos, compromissos e pertences. Houve bastante pânico e uma condução ruim por parte de organização, e isso deixou aqueles que foram mandados embora com sentimentos de traição. De minha parte, junto com os sentimentos difíceis havia também um ar auspicioso em torno desta reviravolta improvável de eventos, pois era tão bizarro que tinha que ser significativo.
Rumores do meu exílio se espalharam e membros ao redor do mundo me convidaram enquanto a tempestade se acalmava. Por algum tempo, até que eu pensasse em meu próximo passo, eu estava em uma viagem sem data para terminar. Completamente apartado das minhas obrigações do passado, eu tinha muito tempo para visitar a Notre Dame de Paris ou a San Marco de Veneza, ou o Taj Mahal de Agra. Enquanto nesse ínterim de incerteza os dias se tornavam semanas e as semanas meses, fiquei exposto aos maiores monumentos históricos do mundo. Tendo mergulhado tão profundamente em um trabalho interior nos anos precedentes, e tendo pesquisado culturas antigas tão minuciosamente, comecei a perceber esses monumentos de forma diferente. A sua arquitetura, escultura, e pintura assumiram um novo significado, inteiramente não religioso, surpreendentemente prático.
Minhas percepções foram indubitavelmente influenciadas pela pressão psicológica do exílio, pela luta com a traição e injustiça, e pelo vasto e assombroso desconhecido que estava diante de mim. E ainda, foi essa mesma pressão que me permitiu olhar com uma claridade sem precedentes. Eu pude ver Adão exilado do Paraíso, ou Odisseu exilado de Ítaca, ou Rama exilado de Ayodhya, olhando nos olhos deles. O tempo e a distância eram em vão; eles estavam comigo, estes homens míticos de tantas gerações passadas. Quanto mais eu os encontrava em um vitral, ou em um relevo do pilar de um templo, ou um mosaico em um museu, eu podia vê-los do seu próprio ponto de vista, e entender a sua história. Algo de significativo estava em jogo através dessa sincronicidade fatal, e sua propiciação aliviou o meu fardo.
Eu passaria os próximos dois anos vasculhando os museus e monumentos do mundo, e encontraria o mesmo significado não ortodoxo em todo lugar: Egito, Grécia, Hinduísmo, Budismo, Judaísmo, Cristianismo, Islã todos ensinavam uma lição que era essencialmente a mesma, transmitida distintamente sob o véu da má interpretação religiosa. De fato, as questões mais profundas da vida haviam sido tratadas e respondidas em eras passadas – e bem respondidas. Por que ninguém considerava essas verdades, escondidas à vista de todos? Haveria de existir outros que fossem tocados por elas como eu fui. Assim junto com minha exploração cresceu um senso de responsabilidade que me incitou a registrar minhas descobertas metodicamente. O episódio final e culminante das minhas viagens foi a revelação de um sistema calendárico que estava na base de todos os ensinamentos antigos. Isto se tornaria a fundação da O Velho Novo Método.